A presente investigação analisou o processo de elaboração de um currículo de formação inicial de professores de uma IES privada situada na região conhecida como Grande São Paulo, com o objetivo de mapear os diversos olhares sobre sua elaboração, entender as relações de poder estabelecidas durante este processo, bem como as identidades colocadas em jogo – exaltadas, admitidas ou excluídas, a partir dos mecanismos de construção curricular. Seguindo as recomendações de Kincheloe e Berry (2007), a bricolagem foi adotada como forma de realizar a pesquisa. Os participantes do colegiado do curso foram entrevistados a partir da interpretação do posicionamento inicial do coordenador e o material resultante foi submetido ao entretecimento e ao confronto com a teorização educacional pós-crítica. Com base nos estudos culturais, o currículo é considerado um artefato elaborado em circunstâncias singulares, construído e construtor de discursos, linguagem e processos de subjetivação. O estudo realizado possibilitou compreender que a ideia de trabalho coletivo que permeou a construção curricular, ao sofrer um estranhamento durante a pesquisa, mostrou-se frágil e destituída de um caráter democrático, visto que as preocupações personalistas de pequenos grupos fizeram valer sua condição de poder enquanto as perspectivas dos setores fundamentais da sociedade como os professores em atuação na educação básica e os próprios estudantes de Educação Física não tiveram suas vozes ouvidas nesta construção.

Palavras-chave: currículo; educação física; formação de professores.

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