O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que objetiva elucidar os processos educativos informais envolvidos no cuidado profissional doméstico de crianças em contextos migratórios, como estes são vivenciados no plano da corporeidade. Dentro do referencial teórico-metodológico da pesquisa biográfica em educação, constrói-se a partir de narrativas de vida de mulheres brasileiras que atuam ou atuaram como babás na França. Os corpos dessas mulheres, sensíveis à experiência de si, do outro e do mundo, carregam marcas da própria trajetória enquanto se ocupam dos corpos infantis sob seus cuidados. Assim sendo, seus relatos, permeados pela condição corporal, oferecem elementos valiosos para a compreensão de facetas até então inexploradas do cuidado profissional de crianças em ambiente doméstico, quando este é desempenhado num contexto de imersão em diferenças linguísticas, econômicas e socioculturais. A análise, desenvolvida a partir de uma perspectiva hermenêutica, lança luz sobre dinâmicas de aprendizagem implicadas no trabalho de cuidado doméstico de crianças nas quais o corpo é, ao mesmo tempo, receptor e vetor. Por fim, a escuta à sua voz abriu, para as colaboradoras, um espaço de formação de si, um convite a atribuir sentidos à existência e fortalecer a própria atuação no mundo.

Palavras-chave: Corpo. Educação Informal. Migração. História de Vida.

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