Com a democratização do acesso, adentraram à escola representantes de grupos culturais, até então, alijados desse direito. Se outrora, os conhecimentos socializados pelo currículo advinham dos grupos situados em condições privilegiadas sem qualquer questionamento, neste momento, tal perspectiva enfrenta o desafio da sociedade multicultural. É lícito que as políticas em torno da reconfiguração social atravessam inevitavelmente o debate curricular. A partir daí, foi gerado um certo consenso que afirma a democratização dos conhecimentos no currículo como ação em prol do reconhecimento das diversas culturas que compõem a sociedade. Alinhando-se a esse movimento, uma transformação curricular da Educação Física implicará não somente no estudo do patrimônio cultural corporal dos grupos desprovidos de poder, como também, na desconstrução crítica dos conhecimentos oriundos da cultura corporal hegemônica. O debate curricular atual sugere a elaboração de propostas multiculturais como alternativas para o enfrentamento das investidas de homogeneização e controle presentes tanto nas práticas escolares como nas políticas. O presente artigo estabelece um diálogo entre a teorização crítica e pós-crítica da educação e do currículo e a pedagogia da cultura corporal, tendo em vista a fundamentação de um desenho curricular da Educação Física compromissado com a transformação social.

Palavras-chave: Educação Física, currículo, cultura

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