Nossa pesquisa teve como objetivo intervir, inventar, experimentar, criar fatos com o currículo culturalmente orientado em Educação Física (NEIRA, 2018), numa perspectiva não representacional de corpo, linguagem e prática corporal, juntamente, com as práticas corporais e artísticas da dança na contemporaneidade. Para tal, optamos por uma pesquisa-intervenção, de metodologia esquizoanalítica ou pragmática para cartografar (ativar, movimentar, tectonizar) linhas de potências e indiscernibilidade; planos de forma e de invenção, espaços lisos e estriados, na própria materialidade das linguagens pedagógicas, escritas e dançadas com o currículo cultural em Educação Física. Para tanto, empreendemos três exercícios cartográficos. O primeiro exercício cartográfico, assim entendido, percorreu os traçados de um texto sobre a Educação Física na área de Linguagens e códigos, ativando as forças que na materialidade do texto se aproximavam dos corpos e das práticas corporais como intervenção e diferenças, mas também aquelas linhas de potência e planos de forma que reproduziam a linguagem corporal como representação. No segundo exercício, compomos “planos de ensino” com os relatos das danças com o currículo cultural em Educação Física, com suas linhas de potência, molares e maiores/planos de forma, nos documentos orientadores curriculares e das políticas públicas; nas significações que identificam determinadas danças e corpos; e, num quase isomorfismo entre dança e música. “E” ativamos também suas linhas de indiscernibilidade, moleculares e menores/planos de invenção nas personagens comunitárias; na multiplicação de significações; e na produção de corpos e danças que pulsam como contemporaneidade ancestral muito para além do isomorfismo identificado. Já, o terceiro exercício cartográfico, inventou corpos, danças, práticas pedagógicas, línguas e personagens com xs professorxs, xs estudantes, as instituições e com o currículo cultural em Educação Física. Nessa empreitada ativamos os planos do arquivo, do fantasma, da coisa, e performances que produziram um processo intenso de contaminação mútua entre pesquisadora, pesquisadxs e ambientes, constituindo-nos como mutações diante dos espelhos. Linhas, planos e espaços molares e moleculares, de forma e de invenção, de potência e de indiscernibilidade, lisos e estriados estão sempre presentes como co-produção dos centros de poder.

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