Os currículos hegemônicos da Educação Física vinculam-se aos significados e modos de vida pertencentes aos grupos dominantes e à racionalidade neoliberal, produzindo relações binárias que excluem culturas, corpos e sujeitos que não se adequam aos padrões, como pode ser constatado em práticas de ensino pautadas no desempenho relacionado à eficiência técnica esportiva e à aprendizagem motora, nas quais o resultado é sempre meritocrático, o que termina por exaltar determinados grupos e negligenciar outros (NEIRA; NUNES, 2020; NEIRA; NUNES, 2009). O currículo cultural confronta essa lógica ao questionar a naturalização das diferenças e propor uma leitura mais elaborada das manifestações corporais (NEIRA, 2020), condição que o torna um potente caminho para a reescrita da Educação Física. À vista disso, torna-se pertinente uma política que vise sua expansão. Com essa perspectiva, o estudo se configura como uma aposta voltada para a realização de ateliês formativos e experiências pedagógicas quanto ao currículo cultural com professoras/es da Rede Municipal de Ensino de Guanambi e tem como objetivo problematizar as movimentações que esse currículo pode produzir nessa rede, bem como suas representações para a reescrita da Educação Física nela. Nesse sentido, o estudo inspira-se na pesquisa-ação colaborativo crítica (JESUS; VIEIRA; EFFGEN, 2014) e recorrerá à análise cultural (MORAES, 2016) para interpretação das construções do campo.