Atentando-se ao cenário de disputas da escola contemporânea, transversalizado pelos efeitos e complexidade de uma sociedade multicultural, globalizada e de hegemonia neoliberal, observa-se que há um esforço político pela expansão da racionalidade do mercado que, filiada à compressão espaço-tempo impacta pessoas e lugares de forma expressiva e contraditória, produzindo novas práticas e relações sociais. Se há nesse quadro forças homogeneizantes e excludentes que transforma tudo e toda(o)s em mercadoria, há também o empreendimento de estratégias de resistências. Nesse sentido, os trajetos curriculares não estão dados, são tecidos por forças controladoras, classificatórias, mas, também, por forças criativas e contestadoras, numa dinâmica de luta constante. Inserindo-se nesse embate no âmbito da Educação Física, apostando em atitudes éticas e no fomento de relações solidárias, toma-se o currículo cultural como uma potência para o enfrentamento dos determinismos e a desestabilização dos jogos de poder imbricados à cultura corporal e aos sujeitos que a produz e a pratica. Inspirado nas teorias pós-críticas, esse currículo que rejeita a lógica utilitarista e universalista de se fazer educação, vem sendo produzido mediante a realização de experiências nas escolas e também de pesquisas predominantemente empreendidas no contexto da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, havendo, portanto, uma demanda de produções quanto aos seus resultados e traduções no Ensino Médio, o qual se encontra em processo de reformulação, tendo em vista a implementação da nova política curricular aprovada pela Lei 13.415/2017, cujos pressupostos se sustentam, de maneira encorpada, na racionalidade neoliberal. Essa condição torna-se um elemento impulsionador para que experimentações concernentes ao currículo cultural sejam aventuradas a fim de buscar traços da sua tradução e de suas possibilidades nesse território. Com essa perspectiva é que se arrisca, sem a intenção de produzir generalizações, problematizar experiências do currículo cultural da Educação Física no contexto do Novo Ensino Médio. Para essa empreitada, une-se forças com um professor da Rede Estadual de Ensino Paulista, que numa dinâmica de aproximação com currículo cultural, o vê como alternativa de enfrentamento das violências que atravessam a escola contemporânea. Com ele visa-se compor um plano de experimentações, que tem como inspiração a formação inventiva à maneira de pesquisaintervenção e de feitio cartográfico. Nesse labor, elaborou-se um plano de estudos a ser suscitado por intermédio de discussões quanto às apostas do currículo cultural e, de forma associada, propõe-se a realização coletiva do planejamento e o acompanhamento das ações pedagógicas a serem realizadas na escola, território que junto com o professor busca-se habitar.

Palavras-chave: Currículo cultural. Educação Física. Novo Ensino Médio.