Comprometido com o desenvolvimento de ações didáticas a favor das diferenças e sintonizadas com as demandas da sociedade contemporânea, o currículo cultural da Educação Física busca inspiração nas teorias pós-críticas para subverter a tradição do componente, valorizar o repertório cultural corporal da comunidade e problematizar os marcadores sociais que perpassam as práticas corporais. Paradoxalmente, tal concepção se fez presente nos documentos curriculares publicados pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo em  2017 e 2019. Surpreende o fato de que uma proposta que se assume contra hegemônica seja incorporada pelo discurso oficial. Enquanto parte dessa política curricular, diversas ações formativas pautadas nos pressupostos teórico-metodológicos que fundamentam a proposta passaram a ser oferecidas em 2018, prosseguiram em 2019 e têm previsão de continuidade para 2020. Embora a literatura sobre o assunto disponibilize diversos trabalhos sobre a perspectiva cultural da Educação Física efetivada por professores simpáticos à proposta, nada se sabe acerca da sua apropriação quando incorporada pelo discurso oficial. Diante disso, o presente estudo tem por objetivo compreender os modos como os docentes de Educação Física que participaram dos cursos de formação oferecidos pela SME-SP significam a perspectiva curricular cultural e traduzem-na para o contexto da prática. Para tanto, serão realizadas entrevistas narrativas com participantes dos cursos de formação com o intuito de produzir relatos das experiências com a proposta. O pós-estruturalismo e a teoria do discurso serão mobilizados no momento das análises desses materiais. Com o presente estudo, espera-se contribuir com o acúmulo de conhecimentos acerca da política curricular e da perspectiva cultural da Educação Física.

Palavras-chave: Educação Física; Currículo; Política Curricular; Cultura.