Inspirado por artefatos conceituais pós-metafísicos formulados no campo da filosofia, da educação e do currículo, este ensaio problematiza a noção de fundamento no território curricular da Educação Física, admitindo que ela concerne às relações que estabelecemos com os saberes da teorização curricular e sugerindo o deslocamento de tais relações da esfera da transcendência para a da imanência. Num primeiro nível argumentativo, mobiliza-se os conceitos de transcendência e de imanência e com eles se evocam imagens de pensamento que nos facultam elaborar e modificar os modos como nos implicamos com os princípios de saber que constituem nossas teorias de currículo. Distanciando-se da figura de um currículo-árvore/casa e avizinhando-se da imagem de um currículo-rede-/novelo, o texto lança-se, então, a um segundo patamar de argumentação, levantando e arrazoando a hipótese de que o currículo cultural da Educação Física se forja como uma teoria curricular cujos esforços se devotam à composição de um currículo-rede/novelo, na medida em que seus saberes tentam se conceber não como estruturas teóricas exteriores que solidificam as experiências curriculares, mas como intensidades teórico-práticas que integram singularmente o movimento de cada uma dessas experiências, na medida mesma em que só logram existir como parte delas. Por fim, sublinha-se a não correspondência entre o deslocamento proposto e um espontaneísmo que recusa o saber, advertindo-se, ainda, sobre a imprescindibilidade da apropriação teórica enquanto substância de uma atitude curricular inventiva.

Palavras-chave: Currículo. Fundamento. Teorias Curriculares da Educação Física. Currículo Cultural.

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