A presente pesquisa teve como objetivo compreender como as/os estudantes significam as práticas corporais de matriz afro-brasileira abordadas nas aulas de Educação Física culturalmente orientadas. O trabalho de campo consistiu na tematização de danças de matrizes culturais afro-brasileiras, ao longo de dois anos letivos, com turmas do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental em uma escola pública. Os dados produzidos foram submetidos à análise cultural, fazendo emergir encruzilhadas, mobilizadas no entrecruzamento dos pressupostos do currículo cultural de Educação Física, estudos decoloniais e pedagogia das encruzilhadas. Com base no pensamento de fronteira, materializado na rejeição de uma maneira única de ler a realidade, na desobediência epistêmica, anunciada por uma perspectiva pluriversal, constatada nas performatividades das/os estudantes, além de evidenciadas em cruzos, rolês e ebós epistemológicos, foi possível a aspiração de uma epistemologia exuística, observada na ressignificação das gestualidades, nas vivências organizadas, que emergiram nas frestas, transgressões, rasuras, devires, incertezas, mobilidades, rebeldias, síncopes. Isso fez surgir possibilidades de vir a ser e de existir, podendo abrir outros caminhos e novas encruzilhadas.

Palavras-chave: Africanidades; Currículo Cultural; Encruzilhadas

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