É fato que a sociedade globalizada contemporânea tem nas imagens grande parte do seu poder comunicacional (KELLNER, 1995). Tendo a clareza de que não expressam apenas ilustrações neutras, teóricos(as) dos Estudos Culturais entendem-nas enquanto potentes veículos de representação, poderosos vetores produtores de identidades culturais. O debate torna-se político na medida em que as imagens, através das relações de poder, representam e produzem identidades desejáveis, ao passo que também instituem a diferença (WOODWARD, 2014). Baseados em Hall (2016) quando entende que a representação é intervenção na materialidade, e deslocando a argumentação para o campo da educação e da Educação Física, passamos a compreender a representação do(as) seus/suas professores(as) através de imagens como política pois, justamente, são capazes de produzir modos específicos de ser em determinados contextos culturais. Problema: A partir disso, instituímos o problema central desta pesquisa: como as imagens dos websites das graduações do curso de licenciatura em Educação Física representam seus/suas professores(as)? Para tanto, analisamos as imagens utilizadas por 07 universidades conceituadas pelo MEC/INEP com nota 05 do CPC/2017, nas páginas digitais que promovem as informações sobre o curso. Método: Estivemos baseados no método do alfabetismo crítico proposto por Kellner (1995), pois, considerando as imagens enquanto artefatos culturais veiculados em contextos específicos, podemos realizar uma leitura política utilizando da pedagogia cultural já que sua forma e conteúdo produzem representações que balizam identidades e diferenças. Relações: O primeiro ponto analisado a partir das imagens sobre a representação do(a) professor(a) licenciado é, ao nosso ver, bastante questionável: nenhuma das universidades utilizam imagens de professores(as) em contexto escolar, revelando a opção política e mercadológica pela representação de espaços relacionados ao esporte ou ao mundo fitness. Corroborando com a afirmação anterior, a segunda parte da análise mostra que seis das imagens selecionadas correspondem à professores(as) em momentos específicos do desenvolvimento de atividades esportivas ou relacionadas à academias de ginástica; reforçando a desvalorização do(a) profissional licenciado. Por fim, uma última constatação bastante contundente também nos chama a atenção para “quem” e “como” é representado: pessoas alegres, em boa forma e com vestimentas padronizadas; atestando a ainda forte associação com nossa herança cultural ginástico-esportiva. Considerações: É preciso que estejamos dispostos a problematizar essa relação, pois a representação está fundamentada nos discursos, e os discursos produzem aquilo que falam – em última instância, não representar é também não existir.

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