O artigo analisa a política discursiva presente na versão preliminar da Base Nacional Comum da Formação de Professores publicada pelo Ministério da Educação, considerando as especificidades da docência na Educação Física. O texto oficial impõe a BNCC do Ensino Fundamental e Médio como balizadora obrigatória para o desenvolvimento de competências e habilidades dos estudantes, estabelece os referenciais para os cursos de licenciatura e as iniciativas de educação continuada, além de vincular o ingresso e progressão na carreira ao domínio dos conteúdos a serem ensinados e das estratégias para fazê-lo. O discurso anunciado ao mesmo tempo em que hegemoniza uma concepção formativa, incorre num reducionismo pedagógico político, pois ressuscita o viés tecnicista de outros tempos e busca alinhar-se aos pressupostos neoliberais que relacionam a formação de professores aos ditames do mercado. O discurso curricular apresenta fragilidades materializadas na inconsistência entre as propostas feitas e as condições para efetivá-las. Não há dúvida que o mote é o controle do percurso formativo no nível micro com vistas a instituir um determinado perfil docente, qual seja, aquele capaz de executar currículos herméticos baseados em materiais didáticos estandardizados, a fim de alcançar os patamares exigidos nas avaliações padronizadas.

Palavras-chave: Educação Física; Formação de Professores; Currículo

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