O Grupo de Pesquisas em Educação Física Escolar (GPEF) da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, a partir de seus membros, tem desenvolvido, dentre outras coisas, ações político-pedagógicas abrangendo aspectos da formação continuada em Educação Física. Além de realizar bianualmente o Seminário de Metodologia do Ensino de Educação Física (SEMEF), o GPEF organiza experiências formativas junto a professores(as) vinculados às redes públicas municipais e estadual de São Paulo. Desde 2004, tais experiências foram sistematizadas em formato de curso de extensão universitária, denominado “Cultura corporal: fundamentação e prática pedagógica”. O curso tem por objetivo discutir e apresentar alternativas para o desenvolvimento de um currículo de Educação Física sintonizado com a heterogeneidade da sociedade contemporânea, dado o compromisso da escola atual com uma formação voltada para participação democrática e equitativa na esfera pública. Baseia-se na produção teórico-prática do currículo cultural da Educação Física que, por sua vez, busca fundamentação nas teorias pós-críticas (pós-estruturalismo, pós-colonialismo, pós-modernismo, Estudos Culturais e multiculturalismo crítico). A carga horária destinada à integralização do curso é 30 horas, subdivididas em seis módulos. Os temas, bem como os conteúdos que compõem cada um dos módulos são definidos mediante análise crítica e coletiva da realidade dos professores(as) participantes do curso e, também, a partir dos registros produzidos a cada encontro formativo. Os registros, na forma de diários de bordo, são socializados pelo endereço eletrônico dos(as) formadores(as) – integrantes do GPEF e, em sua maior parte, docentes atuantes na Educação Básica -, tornando-se materiais de apoio à reflexão e à organização das intervenções. Assim, na medida em que o curso progride, a especificidade dos assuntos torna-se mais apropriada, permitindo a flexibilização contínua e democrática do planejamento. Utilizando como principal recurso didático os relatos de experiência produzidos pelo próprio GPFE, o curso procura ampliar as possibilidades de debates acerca de uma pedagogia politicamente engajada, valorizando as práticas pedagógicas. Ao propor encaminhamentos nessa perspectiva, o processo formativo esforça-se para embasar o diálogo com a escola na sua relação com as diferenças e com aulas de Educação Física pautadas na justiça social e na constituição de sujeitos solidários. Conforme se observa, há uma grande sintonia entre os princípios que embasam essa ação formativa e a própria ação do currículo cultural.