A escola, enquanto instituição privilegiada para agir na direção do processo intencional da educação, cria, propaga e repercute modelos corporais, através dos sentidos atribuídos pela sociedade e, em nome dos quais, não raro, também enfrenta, confronta, cala, mas certamente incorpora e se apropria de valores e saberes advindos das diversas práticas culturais e sociais. Uma vez que tudo isso ocorre por meio do currículo de modo explícito, oculto ou sutil, a teorização curricular contemporânea vai afirmar que é no currículo que as identidades são forjadas. Os processos educativos escolares ditam moldes do que é desejado e do que não é aos indivíduos, seja através da estrutura física da escola e dos recursos materiais disponíveis, passando pelas disciplinas e conteúdos, posturas e linguagens adotadas pelos adultos, pelas atividades propostas etc. Compreender tais processos constitui requisito imprescindível para se examinar o papel da escola na sociedade e a repercussão de concepções sociais através das trocas culturais nela presentes. Pensando nesse sentido, optamos por analisar duas propostas curriculares para a Educação Física localizadas no século XXI, cujos destinatários são os professores atuantes nas escolas municipais de São Paulo e nas escolas estaduais paulistas, com o objetivo de caracterizar, sob o a análise do discurso, as concepções de corpo e pensar os modos pelos quais os autores de tais proposições apropriaram-se dos estudos vigentes relacionadas às temáticas da pesquisa em questão. Foi possível constatar, em cada documento, a presença de concepções a respeito do corpo e de Educação Física escolar distintas, por meio do comparativo entre o embasamento teórico apresentado pelos autores e as atividades propostas aos alunos. Nesse aspecto e sob a análise do discurso, foi possível relacionar as teorizações curriculares com as continuidades e descontinuidades entre a diretriz teórica dos autores e suas orientações práticas aos professores.

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