Durante os últimos anos, a Educação Física escolar tem passado por seguidos processos de ressignificação, nos quais suas práticas estão constantemente sob análise e discussão. O currículo culturalmente orientado, apoiado nos pressupostos das teorias pós-críticas de educação, promove a circulação e análise do patrimônio cultural corporal de distintos grupos. O que se percebe é o choque de culturas, ocasionando um embate para validação de significados. A não legitimação de algumas se dá mediante o afastamento com relação àquelas consideradas hegemônicas, exemplares, tradicionais e elitizadas. As relações de poder imbricadas em todos os setores da sociedade, por consequência, também respingam no espaço escolar, determinando qual grupo gozará dos privilégios e do status por ocupar tal posto. A chamada Educação Física cultural reconhece que as práticas corporais são bombardeadas de significação, de leituras e de interpretações que variam de acordo com o momento que cada sociedade atravessa. Logo, práticas corporais marginalizadas, proibidas em outros tempos, hoje, são tematizadas na escola. Enveredando por esse caminho, o docente deve atentar às vozes discentes, principalmente aquelas que historicamente foram silenciadas. Dentre as situações didáticas que caracterizam a proposta, encontra-se o registro, aspecto fundamental do currículo cultural. O presente estudo de caso, de tipo etnográfico, realizado em uma escola pública de Ensino Fundamental, tem como objetivo verificar a importância e a influência dos registros realizados por um professor sobre a reorientação de sua prática. A documentação elaborada pelo professor foi submetida à análise crítica mediante o confronto com a literatura que fundamenta o currículo cultural. Constatou-se que, ao registrar suas observações acerca das atividades de ensino e seus efeitos, o docente consegue refletir a respeito com vistas a reorganizar as atividades previstas para a aula seguinte, ou seja, o docente se apoia na análise dos registros para orientar e reorientar a sua rota. Tal movimento só é possível quando o currículo apresenta flexibilidade, não podendo, por essa razão, ser estabelecido de largada, sem a presença e a voz dos alunos e alunas.

Palavras-chave: Registro, Avaliação, Currículo Cultural, Educação Física.

 Texto completo