Em tempos de globalização e hegemonia do ideário neoliberal, o poder disciplinar e, com isso, os processos de ajustamento do cidadão ao Estado e suas estratégias de normatização vêm sofrendo abalos. O que se percebe é a transformação dos modos de governo das condutas de si e dos outros, que incidem em alterações na estrutura do setor público e nas formas de regulação da conduta privada. Esses deslocamentos das formas de governo das populações engendram outras maneiras de pensar o cotidiano e os modos de pertencimento dos sujeitos, isto é, a identidade. Frente a essas mudanças, o Ensino Superior ganha novos contornos para produzir os profissionais destes tempos. Diante deste cenário, esta pesquisa teve por objetivo significar os efeitos decorrentes dos modos de subjetivação promovidos pelo currículo da formação inicial em Educação Física de uma Instituição de Ensino Superior privado que atende, majoritariamente, setores da sociedade em ascensão social. Foi realizada uma etnografia da prática docente de um egresso e análise textual das postagens que fez na rede social Facebook. Os dados produzidos foram analisados a partir das noções de governamentalidade, entendida como arte de governo de si e dos outros, concebidas por Michel Foucault. O conhecimento elaborado indica que em meio às ambiguidades e incertezas em que o egresso vive e produz sua prática, as relações de força que ocorrem entre os discursos da formação inicial, os debates promovidos pelo coletivo da escola, os sociais e pedagógicos comprometidos com as transformações sociais e os de si mesmo potencializam a diferença como condição de luta e transgressão das forças neoliberais.

Palavras-chave: Educação Física, prática docente, governamentalidade neoliberal, diferença.

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