A sociedade atual, globalizada e multicultural, tem imposto à escola uma educação focada na uniformização dos modos de ser da cultura hegemônica, que é neoliberal. É no campo da resistência a essa imposição que se encontra o Currículo Cultural da Educação Física. Pautado nas teorias pós-críticas de currículo, visa para além da luta por uma sociedade justa, potencializar outras formas de vida, na qual a diferença é afirmada como condição de existência. Não à toa, ocorre o aumento da sua produção e a sua inserção em editais de concursos para a seleção de docentes e em referências bibliográficas dos cursos de formação inicial e continuada. Nesse quadro, cresce a importância das pesquisas que tratam das suas formas de organização e efeitos. Observa-se nas pesquisas produzidas a ausência de estudos acerca de vários de seus encaminhamentos didático-metodológicos, dentre os quais o da ressignificação. Diante desses apontamentos, esta pesquisa tem como objetivo ampliar a conceitualização da ressignificação na prática docente e nas vivencias discentes. Para realizar tal empreitada, toma como ferramentas conceituais: as teorias de currículo; as bases teóricas do currículo cultural; as noções de representação, apresentada por Stuart Hall; governamentalidade e contraconduta desenvolvidas por Michel Foucault. Os caminhos da investigação foram forjados por meio da autoetnografia proposta por Santos (2017) e embasados na figura do etnógrafo flâneur de McLaren (2000). Os resultados indicam que a ressignificação emergiu nas ações de resistência que teve como efeito a contraconduta, em um processo que reforçou o plano de imanência aos acontecimentos da aula.
Palavras-chave: Educação Física; Currículos; Governamentalidade; Resistência; Autoetnografia.