Na educação, o currículo se constitui enquanto documento vivo que é alvo de disputas por grupos sociais com diferentes perspectivas, de maneira que determinadas culturas e saberes vão ganhando destaque em detrimento de outros. Desde sua idealização até o momento em que ele pulsa nas salas de aula, existe uma disputa de poder que vai dando forma a ele. Nesse sentido, é fundamental que a descolonização do olhar docente caminhe junto ao princípio ético-político de descolonização curricular. Partindo do entendimento de que o discurso é produzido a partir de determinadas questões condicionantes e de contingências históricas, culturais, políticas e linguísticas, e na busca por investigar os efeitos da produção destes discursos, será idealizado um curso de formação continuada docente acerca das questões de gênero na Educação Física cultural. Em um segundo momento, alguns/mas docentes que participarão desse curso serão acompanhados/as em seu cotidiano escolar, buscando entender como e se essa formação afetou sua prática docente. Quais estéticas se instauram a partir do acoplamento desta prótese formativa? Quais efeitos produz? O terceiro momento será orquestrado a partir da análise destas observações, buscando elaborar caminhos entre o implícito e o explícito, entre uma composição de diferentes próteses que ampliem as análises sobre os efeitos de determinados discursos na composição do currículo cultural da Educação Física e na prática docente no que tange às questões de gênero.