As lutas travadas pelos direitos dos grupos subalternizados -das mulheres, das negras e negros, indígenas, das trabalhadoras e trabalhadores, das/os LGBT+1 e de tantos outros grupos marginalizados socialmente- vêm sendo reportadas em diversas pesquisas. Direitos esses que foram sendo conquistados ao longo dos anos através de muita articulação e luta dos movimentos sociais e que, em períodos históricos em que se vê a ascensão do fascismo, são facilmente questionados. No Brasil, uma onda conservadora tem gerado retrocessos no que tange às conquistas políticas desses grupos, fazendo com que esses movimentos sofram com ataques e com a retirada de direitos. Na educação, o cenário não poderia ser diferente. Discussões sobre gênero, sexualidade e diversidade cultural, por exemplo, têm sido vetadas e projetos vêm sendo criados na tentativa de que tais assuntos não sejam abordados. A universidade, os programas de pós-graduação e o apoio à pesquisa têm sofrido com cortes orçamentários que impactam diretamente na produção científica. Se por um lado há a preocupação pela paralisação de pesquisas importantes a curto prazo, por outro, há a possibilidade que a conjuntura fique ainda mais grave, pois o projeto político que vem sendo implementado pelo governo atual é o desmonte da educação pública e da ciência. Além dos diversos cortes, pode-se perceber isso a partir do movimento que vem ganhando força de negação da ciência e de validação de informações veiculadas informalmente nas diversas redes de comunicação. Tudo isso se intensifica em um período de pandemia que atingiu o Brasil em março de 2020. À medida em que o permanente estado de crise que a população mundial tem vivido se acentua, escancaram-se as desigualdades existentes, colapsando ainda mais uma situação já tensa e tenebrosa. Dessa maneira, se torna urgente a criação de alianças, onde mudanças sociais devem ser pensadas a partir de uma perspectiva de lutas e processos de subversão criativos que combatam o racismo, o machismo, o sexismo, as opressões ligadas às questões de classe e tantas outras que o neoliberalismo, capitalismo e a ocidentalização das formas de viver a vida promovem. Essas alianças têm de existir como forma ética de fortalecimento de si e do próximo, onde sujeitos possam produzir narrativas outras a partir de processos de tensionamento e questionamento dos discursos hegemônicos e de processos reflexivos sobre o que se tem por verdades absolutas, sentindo-se potencializados em seu estar no mundo. Uma pesquisa, ao ser desenvolvida, pode ter esse caráter, na medida em que os sujeitos envolvidos com ela podem vir a ressignificar discursos e narrativas, em que as pessoas que a lerem e que acessarão seus resultados poderão ser afetadas pelas reflexões desenvolvidas e que ela necessariamente serve à sociedade em diferentes instâncias. Em um momento histórico de retirada de direitos, de naturalização de discursos violentos contra os grupos subalternizados, de pandemia que escancara os projetos de controle da vida e produção de morte, pensar na criação dessas alianças se faz necessário, e a pesquisa tem uma função social de extrema importância nesse processo. Resistir faz-se necessário.

Palavras-chave: Educação Física. Currículo Cultural. Estudos Feministas.

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