Diante da diversidade de modos de compreender e tratar o corpo na educação da infância, este estudo aborda as relações entre a história de vida de uma professora, especificamente nos aspectos que se referem às experiências corporais, e sua maneira de atuar na docência. De acordo com os procedimentos da história oral, são apresentadas as memórias de uma docente que, em sua prática, valoriza as dimensões expressiva, afetiva e cultural do corpo. Tomando como base o debate acadêmico sobre a educação corporal, o discurso de um dos atores do cenário da Educação sobre sua trajetória é analisado, focalizando as maneiras pelas quais construções coletivas são filtradas e concretizadas em um caso particular. Com o objetivo de estabelecer relações entre as experiências vividas, rememoradas e narradas e a forma com que a corporeidade aparece em sua atuação docente, o corpo foi abordado como locus de identidade e suporte para escrita da cultura. As vivências inscritas no corpo dessa mulher, mãe e educadora constituíram os modos de ser, de ver-se a si mesma, de ler o mundo e de relacionar-se com ele. Ao verificar a ligação entre a trajetória de vida e o fazer pedagógico, observou-se que o tratamento dado ao corpo na educação da infância decorre basicamente das experiências colecionadas ao longo da vida, sem qualquer influência da formação inicial. Assim, por meio desta investigação, o recorte de um caso específico retirado da trama social retorna
a ela como contribuição para o debate sobre o papel do corpo na educação da infância e na formação da identidade docente.

Palavras-chave: Corpo. Identidade. Formação docente. História oral.

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